Teatro em homenagem ao sermão aos Peixes de Padre Antonio Vieira
Sras. Portuguesas caminham pela cidade
colonial e se deparam com Índias.
-Mas como vós ousas caminhar por tão preciosa
colônia de Portugal- diz a mais abastada das damas
-Essa ser a terra que meus antepassados
que nasceram e morreram nela, não ser terra de senhora- diz a mais velha das índias
-Ser terra do
povo que nascer aqui, não do povo que nascer no mar- diz a filha da índia anciã
As ricas portuguesas riem com deboche e a governanta
do Palácio da mais rica burguesa declara:
-Vós
sois a escória do mundo não dirija-se à minha senhora de tão insolente forma-
-Calada serviçal! Não fales por suas
senhoras, não lhe foi concebido tamanho direito-diz a outra rica burguesa
Uma índia
diferenciada com características europeias e nada indígena toma a frente e
fala:
-Sras. Vós sois belas e formosas damas, mas
invadem e escravizam o povo indígena dessa terra, que agora tornou-se meu povo,
venho a suplicar para que deixem essa terra-
As damas
estranham e declaram:
-Vós sois uma portuguesa que tornar-se-á uma
das concubinas dos nativos! Vossa suplica es algo imensamente desprezado- diz a
mais velha burguesa
-Essa terra fora consagrada pela igreja e
não mais pertence a esses nativos, mas sim a coroa- a mais pobre burguesa,
porém mais arrogante diz:
Ao dizer isso, duas
damas, mulheres de militares, surgem com três jovens guardas, que intercedem mantendo
afastadas as índias. Uma das damas fala:
-Minhas senhoras, o que ocorrera aqui fora
algo que não se ocorrerá jamais, vou imediatamente conversa com meu marido para
reforçar a segurança da cidade- diz a menor das damas
-Faz bem! E garanta que essas insolentes não
vão mais perturbar a paz das terras do Rei Português- diz a rica burguesa
-Sem dúvidas senhoras! Soldados capturem-nos
imediatamente- diz a maior das damas
-Vamos coloca-lós em seus devidos lugares-
diz o jovem soldado da esquerda
Um jovem índio
que se encontrara escondido até então confronta o soldado:
-Nem por cim...-
O mais forte do soldado ataca-o.
Então o jovem
índio morre aos pés dos soldados, as índias escapam, porém os outros dois
soldados capturam a índia europeia, todos os colonos, soldados e burgueses,
olham para o corpo caído e o ignoram, então a serva diz:
-Minhas senhoras a hora está avançada, logo a
missa começa-
-Perfeitamente, não podemos deixar tão baixa
existência nos atrapalhar, vamos- diz a arrogante burguesa, após dizer lança um
olhar cheio de arrogância e fúria à jovem capturada
Logo as
burguesas saem permanecendo apenas as damas, os soldados e o corpo, mas então
dois jesuítas aparecem
-Mas que
tamanha barbárie ocorrera aqui- diz o mais jovem Jesuíta
-Esses
nativos e suas selvagerias- diz a mais baixa dama
-Mas a
barbárie vem de nós, por que falas dos nativos ?- responde à arrogante dama
A dama intrigada
não responde, então o outro jesuíta declara:
-Mas como
pode a terra por Deus criada, está tão mal assolada e corrompida, será que tal
terra falta o sal que detêm o dever de expurgar os corruptos? Ou a culpa deve
cair na terra, que não aceita o sal de forma plena e deixa-se ser corrompida?-
As damas e os
soldados permanecem calados e escutam solenemente, porém o outro jesuíta
entende, como se os dois falassem uma língua diferente
-Filhos
de Deus, reflitam profundamente e implorem misericórdia- fala o primeiro jesuíta
-Mas
esses nativos...- tenta se defender a maior das damas
-Preferível
seria ter como ouvintes peixes, que não interrompem e escutam quietos e
solenes- para por fim, declara Padre Antonio Vieira
FIM
João Vitor, 1 ano F-ProEMI